domingo, 30 de junho de 2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

LOG IN

Ouvir Aqui: LOG IN
Letra Chullage/musica Pedro Castanheira

Blogo e logo resisto/ blogo e logo sou visto/
log in logo existo/ log in logo és isto/
és aquilo, és o que quiseres, mas log in e logo és visto/
log in-sira password/ para pensares que ninguém acede ao teu In/timo
In qualquer fuso horário qualquer ponto planetário/
In to you/ no Planeta bluethoot/
E quanto mais tu/ és In/ os teus dados tão In/ternet,
share, share, share, share, mete, mete,
mete mais coisas, mete a pass-freepass/ para a tua vida In/teira
Sim/croniza-te com toda a peça de tecnologia disponível e fica availiable/
disponível/ disponibilizado/ visibilizado/
visível/mente monitorizado, pelo monitor
que olha para ti, através do teu olhar fixo, nada é fixo,
tudo é wireless, wi-fi/ wireless,wi-fi/ why?/
por conforto e segurança, a tua, ou a de quem te olha
através de ti da tua/ Ligação IP, EPA, OPA
tu também já esta no browser, googla-te e vê/-te ser visto.
tarde de mais para cortar o fio, perdes-te o fio à meada
tudo ta wireless. less. less. less controle  de ti,
quanto mais controle sobre a tecnologia/
upload your life in to the tecnovigia/ hi-way de infrmação
sem limites/ilimitado/ iphone/ iTunes/ ipad/ iMac /
i tchek you / i see you / através do cruzamento de dados/
o que és, o que compras o que lês, o que ouves/
i see u / vejo-te mais logo in/ finanças / mais log in segurança social/
mais log in homebanking/ mais log in amazon / i follow you/
sem que te possas delete/ tweet, tweet, sweet, tweet/
are you sure you dont want to quit/

E o homem fez Deus à sua semelhança /
e agora queremos estar a toda a hora em todo o lado/
e quanto mais preso a sociedade me tem
mais me da sensação de mobilidade/
quanto mais individualista me torna
mais me faz sentir da globalidade/ 
E tiraram me o espaço publico
Mas fazem me acreditar que tenho o MySpace/
e participo no orçamento participativo
e no ordenamento do território através da ville/
farmville, cityville, bidonville/
e a insegurança induzida tem-me com medo de andar na rua, mas passeio pela ville/ relaciono-me na ville/
sou cívico e civil/ na ville/ porque lá fora o mundo é vil/
cá dentro eu posso não ser vil, ser o que quiser, servil/
independentemente do super-heroi do meu perfil
Despersonalizaram-me ate até ser só um número
mas tenho um book com a minha face
Onde posso ser face model, ou baby face/ ou facist/ com um face lift,
só caras, como as da CARAS, têm duas caras, muitas caras,
e quem vê faces vê tudo, excepto corações, no álbum de fotos, upload, share,
Num lindo truque para a minha face,
Esconda os medos e segredos do meu inner space,
ninguém mais tagga na rua/
ninguém mais pinta o mural de protesto na rua
porque agora toda a gente tem o seu próprio MURAL/
das lamentações ou celebrações/
hoje ha Events põe na lista com o resto dos guests
dois mil friends e mais uns quantos requests,
accept/ignore/agora/ faz amigos na hora/ suggest
suggested by friends In common 
somebody tagged you (nem sei quem),
somebody inveted you (nem sei quem) 
e alem da pausa you também tens a causa (escolha uma é só dar o click!)
accept request,
Ta tudo cheio de friends/
Cheios de Chats rooms e rooms cheios de chatos/ mas não me chats!!!/
Mas Quantos consigo eu encarar face to face e dizer like unlike,
comentários na cara são poucos mas toda gente tem comments,
dicas in your face mas With out a trace, sem rasto, sem rosto, sem gosto, sem rosto,
Com grande exposição sem nada exposto
Faces nas noites de sabado e bikinis se tardes de Agosto/
esta exposto, posto, posto isto, post it,
Post its de nos  que seleccionamos e damos a conhecer ao mundo
mesmo que seja só ao friend, ou também ao friend do friend,
Ou também ao friend do friend do friend
Hoje serão gostos interesses hábitos brands e trends/ porque és friend/
amanha serão  vícios envolvimentos rotinas imagens e ideologias/ porque passaste a unfriend/ INimigo/ block user/ insert your user/ name ou name pra quem te usa/ and whos ta/ blame quando há um intruso a/
vasculhar no teu/ eu/ virtual, e de repente o teu/ eu/ publico devia ser mais IN/timo
e todo o mundo IN/trusa a tua privacidade/ o teu perfil profile/ file/ x file/ 
encara isso, face it/ a tua vida é um book aberto/
controle da tecnologia versus a tecnologia do controle/ o grande irmão esta perto/
hi tech / i tchek /

Log out whatch out black out
Reply to message/

This conversation continua activa/
de repente uma weapon of stress destruction/ torna-se numa arma de
Mobilização massiva/ weapon of mass construction/
a democratização da cultura em plena democracia sem cultura/
e se a TV box foi a drug of a nation/ poderá esta ser a detox of a nation/
desintoxicacao da droga jornalística e politica/ o novo espaço da critica/
broadcast yourself/ request yorself/ demand yourself/share, sahre  opinion/
be my guest yourself/ sejas In ou outcast/ broadcast/ wiki, wiki, wiki, wiki, wiki, leaks

de repente somos muitos muitos mil/ por um novo abril por um
Primeiro de Maio e um 5 de outubro na avenida na rua na estrada na luta/ gostei. Vou lá estar! estarás mesmo?
agora não que a TROIKA veio pra salvar-nos. 
Brutalmente devolvidos a rua pelo mesmo raptor
Que  nos tinha sequestrado e fechado nos chats.
no farmville, no cityville, Rossio ville, é la que tens que estar?
Estamos de volta? Face To face sem a mediação do book.
Ou este é só outro truque?


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Junho 2011 

terça-feira, 30 de abril de 2013

Eutanásia de classe



Pelo menos que a minha classe/ desse/
para cometer suicídio,
Mas temos tanto de nada a perder
Que nem isso é opção/
Não/
passo laminas no pulso
Ainda que já haja pouca razão/
P’ra cerrar o punho e levantar a mão/
Classe moribunda só pode pedir eutanásia de classe/ 
Deixa me morrer em paz/
Deixa-me rumar a Sul e Este,
em paz/
Deixa, nunca me deste,
a paz/
Mesmo que a morte p’ra ti não preste,
é paz/
Deixa me partir para uma nova vida em paz/
Desliga a maquina, nesta vida respiro com assistência , quem já me matou não me deixa morrer em paz/

Homicidas da minha  classe 
Dão-se ao luxo  de cometer suicídio de classe/
Sem acabar com o 
Genocídio de Classe/
Etnocidio de classe/
O Sociocidio de classe/ 
Reclamam-me Solidariedade de classe/
Dizem que estamos todos no mesmo barco
Sim, só que o barco tem contorno de navio negreiro e eu viajo no porão
Nem sequer em 2a classe/
em classe económica ou turística/
Viajo sem classe/
P’ra q’esta classe 
Chegue a bom porto/
Nem q’eu acabe atirado ao Atlântico ou chegue morto/
Nem que vá de alforria em inclusão, cambaleando, torto/

Eu vejo de que classe/
sou
No aeroporto/
onde por mais passaporte que tenha nunca tenho certeza que passe/ 
Pois a minha fronteira é a cor que trago comigo,
e a cor que trago comigo vai comigo
onde eu vou
É para ela que se olha antes de se saber  de que classe
sou/

Esta velha tem falta de classe/
Por mais que tenha classes em luta/
E todas essas classes em luta/
Param e unem-se para explorar a labuta/
da minha classe/

Eu ponho fim a esta vida pois acredito numa vida melhor/
Sem ser a sub-classe/ da classe/ que reclama o suicídio de classe/
da burguesia mas não me quer na sua classe/
pois a minha libertação seria o homicídio da sua classe/
Cujo padrão de vida vem do genocídio da minha classe/ 

Mas essa classe nasceu matando a minha/ atando a minha/
aos seus campos de café, açúcar, cacau e algodão/
essa classe que acumulou capital com o lucro do meu sangue e suor,
da minha vida,
Essa classe que se tornou trabalhadora sem meios de produção/
que encontrou lugar na fabrica que transformou a matéria prima extraída/ com o meu sangue e suor/ a minha vida/
Fiquem com a minha vida/
o meu sangue, corpo, o vosso capital/ 
material/
Desmaterializado vou para ESTE, SUL, sem sinal, vital/
Vitalizado por não ser mais fracção do teu total/ classe/
Vou para onde ainda não sabes tirar partido, e daqui ficaras em impasse/
Vou sem passaporte, sem passe, sem ninguém que me diga passe,
Para a minha alma,
Que não cabe no teu porão, senzala ou prisão,
Na minha eutanásia de classe
Onde não poderás obrigar a viver na tua falta de classe/

Sr. Preto
Lisboa, Fevereiro 2013


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cornucopia (foi-se a abundancia, ficou o corno)


Cornucópia.
Culto à natureza,
Pela dádiva
Pela prosperidade concedida
À vida, ávida
Grávida,
Dessa fertilidade feminina, pagã
Natura, antes dessa ruptura, da maçã
A tal proibida.
Prosperidade retribuída,
na oferenda simbólica da  abundância servida,
no corno/
Mas levaram a abundância ficou o corno.
Foi-se. Ficou o adorno. A abundância foi-se.
Secaram as searas em meu torno. Pousei a foice.
Foi-se a fábrica guardei o martelo, desapertei o torno. Oiç-o
Roncar do estômago do meu futuro onde
Escasseia o fermento e a farinha e já não acendo o forno. Foi-se.
Sem dia de retorno. O pão foi-se. Já não oiço
O barulho feliz das crianças no baloiço. 
Foi-se. Ficou o transtorno. A inocência foi-se.
E ela vem veloz de preto sem rosto arrastando a foice.
Mensageira da economia de palas grande que nos deu o coice.
Mula, burra, besta, deu-me o coice. A beira do abismo consegue dar o passo em frente
E foi-se. A esperança e de verde ficou apenas um recibo sem isenção.
Enquanto imigra quem pode, Marcho com indignação
Numa avenida de sentido único e sinais de proibido virar a direita,
Foi-se a liberdade que nunca cá parou.
Foi-se a igualdade que nunca se mostrou.
Foi-se a dignidade que nunca se expressou.
Foi-se a união que nunca se mostrou
a bandeira rasgada a meia haste deixa cair, do seu fundo azul
Estrelas amarelas que são levadas pelas chuvas para longe do norte
E dão à costa no mediterrâneo. Foi-se
O sonho da comida rápida, do tempo portátil,
Da vida descartável, do saber espontâneo.
Foi-se o sonho americano, made in china, aprovado pela UE com crédito instantâneo. 
Num mapa sem essência e vago contorno.
Foi-se a abundância. Deixaram o corno. 

Sr. Preto
(escrito para o booklet de chanson noir em Dezembro de 2011)

Em Abril m-aguas mil


Em Abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das memórias mil
do martelo e da foice
foi-se a liberdade e ficou o dia
do martelo que já não bate
da foice que nao ceifa, da cantiga
que não pia a não ser naquele dia
(...) de abril

abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das lágrimas mil
de quem a fome ameaça ser vil
servil nação onde pão lê-se sem
til. Lê-se pão (dos políticos cara
de pau, daquele euro que é o
dobro de cem paus, dos polícias
que descarregam pau, num povo
agarrado ao pau) de abril

abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
águas das caras mil
de quem a luta ameaça-se febril
fabril nação localizada depois
um des lê se deslocalizada (das
fábricas, das decisões, das divisas
que se abatem sobre a terra
a-parentesis-en-terra a quem as
cultiva. Lê-se enterra a quem as
cultiva (das couves que são
de Bruxelas, do alho que é francês,
do presunto de baionne, das
salshichas de Frankfurt e um bouquet de flores de
Holanda) para enterrar abril

Abril m-aguas mil
trago-as mil
afago-as nas mil
aguas das cores mil
desse arco iris pouco primaveril
das cores que se debotam de
significado
do verde sem esperança debitado
no recibos
num laranja por do sol da
liberdade
num rosa anoitecer da justiça
e num vermelho derramar da
igualdade
e um azul e amarelo renascer do
patriotismo Salgado e azarado
acinzenta-se o tempo para este
1º de Maio, e rejuvenesce-se a
fúria do dez de junho
dum país que cortou os pulsos
mas esforça-se para erguer o punho

Abril m-aguas mil
trago-as mil
afogo-as nas mil
muitas mil que nesse dia
estarão nas ruas da amargura
celebrando abril

Sr. Preto 
Lisboa 13 de Janeiro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Nicolau (para engolir com o Peru e o Bacalhau)


Nicolau...

Carreguei a caçadeira com 2 zagalotes/ agarrei 2 shots/
posei e tirei 2 fotos/ serei lembrado como um mártir pelos
descrentes e um terrorista pelos mais devotos/
estou pronto. Disseram que ele traz tudo o que pedimos e põe no
sapatinho/
pergunto-me: e que faz ele com quem/ nem/ sequer tem/ um sapatinho/
mas sim,  disseram que ele traz tudo, basta que faças
a tua lista, dirijas-te a zona comercial mais próxima e tomes
as providências necessárias, ele faz o resto/
e até aqui, até à heróica/ intervenção da troika/
ele dava-te um subsídio para o efeito e se não chegasse
ele dizia-te “não te preocupes que eu empresto”/
crédito silver, gold, platinium,
basta que lhe devolvas com juros ele permite-te esse lindo gesto/
As cores do natal: verde, código, verde, verde código verde, verde, código, verde num estabelecimento aderente/
eles embalam e enviam o presente/
com cumprimentos do Nicolau e as suas renas/
e dos vampiros capitalistas que viram filantropos e mecenas/
e espalham campanhas da miséria e da pena/
de quem eles próprios submetem a esta condição obscena/
e das hienas/ publicitarias que sobem antenas/
e das solidariedades de prateleira de supermercado e duração pequena/
e dos hospitais/ e canais/ que filmam natais/ dos coitadinhos/
e da primeira palavra dirigida aos vizinhos/ em todo o ano:/
FELIZ NATAL. Dá as costas, fecha a porta e tranca à chave,
liga as luzes da arvore, acende a lareira põe a conversa em dia/
com o tio, a tia/ o mano/
 o avô, a avó, a madrinha e os outros todos que não passamos cartão durante o resto do tempo. Quase meia noite/
avisaram que ele desce pela chaminé/
mas e quem não tem tecto, quanto mais chaminé?/
fica à mercê do ataque de solidariedade e
caridade que nos manda a fé/
cristã!? Ou a fé do Dow Jones, do
PSI 20, da Reserva Federal e do BCE/
esperarei o tempo necessário aqui ao pé/
de qualquer uma chaminé/
para apontar-lhe esta merda à cabeça,
apresentar-lhe a minha lista, e perguntar-lhe “como é que é!?”

Porque não trouxeste o que pedi na minha lista/
será que só tens brinquedos, electrodomésticos, roupas e
acessórios, viagens, telemóveis,
computadores gadjets e outros
desejos bombardeados na TV e na revista/
fabricados com o sangue dos mineiros do Congo
e o cheiro a queimado, não do Peru mas dos corpos das trabalhadoras das Sweats-shops do Bangladesh e outras plantações do teu imperialismo esclavagista/
no meio um CD da Popota e
Leopoldina para garantir um
sorriso a uma criança sem meios para desfilar
neste carnaval consumista/
Sim. Afinal o Natal é a parte do ano
que se esta autorizado a não ser egoísta/ individualista/
do médico ao artista/ do político ao cientista/
do canalizador ao motorista/
todos são motivados a participar no desfile de máscaras, sim
máscaras e Natal/ personas de coração aberto, de alma pura e carrinho cheio de embrulhos/
“Este natal ofereça transacções de amor, carinho, afecto e laços familiares (com código de barras e etiqueta de preço)”
all my multinacionais façam barulho/
BOAS FESTAS o mais bem conseguido eufemismo
para introduza o PIN.

Siga de carrinha carregada pá terra pa ver qual dos irmãos e primos teve o ano mais bem sucedido/
já disse, até um subsídio era concedido/
para o efeito. Era, já não é!/
Discurso de Natal dum Fascismo que se aproxima a largos PASSOS cada vez que tira COELHO da cartola.
E se os sindicatos não conseguirem garantir este padrão de consumo para os trabalhadores, haverá de certeza uma Promoção que garanta que este Natal possas dar Um PINGO e comer um DOCE! Dia 24 venha cá.

Mas sim os ricos dão-te um salário,
devolves na caixa e deixas um euro para os pobres e indigentes/
dependendo do espírito até para preguiçosos e delinquentes/
pois nesta quadra todos são gente/ mas poupe/
siga o exemplo do presidente/
que está pobre. Aquele de deixou de amnistiar seja que for mas têm um governo a que todos os dias concede indultos/

Dizemos que o Natal é pelas crianças mas a vaidade esta patente nos adultos/
meia noite a hora esperada do ano. Todos têm o que pediram. Todos e eu?

Não me digas que não consegues
realizar o meu pedido!
tu deste à bofia mais armas!
e mais uma serie de material para sermos espancados e vigiados!
tu deste ao Paulo 2 submarinos e um par de luvas!
deste ao Zé imunidade!
a possibilidade de caminhar sobre a justiça!
Deste um Karaoke ao Gaspar com traduções portuguesas de óperas alemãs!
Deste ao relvas uma Licenciatura! Com nota máxima numa recensão chamada “Pedro e o Lobo”
Deste ao Pedro a possibilidade de fazer de Lobo na peça e comer e o avô porque era pouco Liberal, e pelo meio comer as ovelhas, os outros lobos todos poupar apenas a lebre. Talvez por questões de parentesco com alguém.
Deste ao Cavaco muitos mil euros de lucro no BPN mais um mandato
como prenda pelo seu silêncio, ambivalência, inacção e defesa dos ricos/
deste a Portugal um messias da Golden SAQUES, cheio de discípulos formados em ciências da salvação heróica/
e deste Portugal à Troica/
e com isso deste um sistema esclavagista aos exploradores/
sim possibilidade de fazer o que lhes apetece nas contratações/
de nos despedir sem pagar indemnizações/
deste ao mundo uma crise para poderem justificar que se recuem em todos os direitos conquistados em séculos/
e deste a EDP, TAP, RTP, GALP, ETC, ETC, a todos e quaisquer investidores/ deste à Angela a Europa/
deste à NATO  a Líbia, e até ao dia do reis já terás dado a Síria/

Esses estão todos sentados com as famílias debaixo do teto com chaminé/
darás aos seus filhos um natal de grande recheio sob um teto com chaminé/
terão o sapatinho cheio e continuarão a alimentar a fé/
pois para eles tu existes!
Por ti que o povo resiste a um ano de opressão, exploração, fome/
por uma noite onde toda a gente se ama e toda a gente come/
Sim para eles existes pois tu metes-nos as mãos nos bolsos para oferecer-lhes
Sim roubas aos pobres para dar aos já Bilionários/
Robin dos Bosques perseguir-te-ia se não fosse só mais um mito como tu seu mercenário/
ofereces a redenção a classe media em troca duma quadra de espírito hipocritamente solidário/

Só queria o que te pedi. Lembras-te do que escrevi?
Querido pai natal,
este ano quero um Malcolm, um Fanon e um Cabral/
para brincar ao “Quem fode este mundo colonial e imperial/
quero 2 aviões também:
Um para atirar a São Bento e outro a Belém/
Vá lá Pai Natal! Vá lá!/
Quero um sindicato sem burgueses instalados pseudo operários/
para jogar com os meus amigos precários/
quero um pacote de ludistas e anarco-sindacalistas e outro desses/
para não deixar as fábricas fechar e pô-las em auto-gestão zelando pelos nossos interesses/
e não do patrão/
quero um estado/
por favor não deixes que o levem para o privado/
quero um estado onde ter estado não seja um crime/
traz-me um verão quente como o dos idos 60/
para percebermos que os direitos também se perdem
se o povo não lhes enfrenta/
pedi-te tanto e vê só o que trouxeste:
objectos com a qual a tua entidade patronal
me escraviza, me isola e me controla/
resta-me vomitar sobre ti o indigesto peru, rabanadas e bacalhau/
e manchar o teu fato cor do sangue das tuas vitimas Nicolau!/
das vitimas que morrem para sustentar a tua mentira Nicolau!/
Jesus era preto e nasceu no verão Nicolau!/
Tu és pagão  levado a um feriado romano convertido em ritual de consumo mundano e profano Nicolau!/
Celebração do nascimento do consumo desenfreado
e da salvação económica do ano, Nicolau!/
Por outras palavras: Vai-te foder Nicolau/



Sr. Preto (chullage)

Escrito em Dezembro 2010
Actualizado hoje.